A ideia de criar a Via Algarviana surgiu nos anos 90, mas só em 2009 foi inaugurada esta travessia do Algarve. Uma breve história do projeto.
O Início
O pedestrianismo e a observação da natureza no Algarve têm sido as atividades mais desenvolvidas pela Almargem - Associação de Defesa do Património Cultural e Ambiental do Algarve, ao longo dos anos, desde a sua criação em 1988.
Em 1995, numa parceria com os Algarve Walkers, iniciaram-se os preparativos para uma travessia do Algarve a pé, de forma a dar a conhecer o interior da região e o seu elevado potencial para este tipo de atividades.
Tendo por base a informação recolhida, até então, por estas organizações, bem como a publicada pela Associação Caminus sobre o Trilho Moçarabe (percurso utilizado por peregrinos religiosos entre Mértola ao Cabo de São Vicente), iniciaram-se os trabalhos de criação do que viriam a culminar na “Via Algarviana”.
Objetivos
A implementação da Via Algarviana pretende atingir vários objetivos relacionados com o território do interior algarvio, em diferentes vertentes como: conservação da natureza, desenvolvimento rural, valorização do património cultural, turismo, desporto, etc.
Os objetivos que estiveram na sua génese continuam atuais e são as linhas orientadoras que regem os que se encontram envolvidos, diariamente, para manter a Via Algarviana em funcionamento:
- Potenciar a prática do pedestrianismo e outras formas de ecoturismo na região Algarvia;
- Contribuir para a diversificação da oferta turística da região por forma a atenuar a sazonalidade da região;
- Promover a divulgação e valorização do património cultural e ambiental da região com especial enfoque nos territórios de baixa densidade;
- Contribuir para a consolidação de microempresas existentes na região, e estimular a criação de novas em torno da Via Algarviana;
- Contribuir para o atenuar do fenómeno de despovoamento do interior do Algarve e melhorar a qualidade de vida das populações residentes;
- Promover o desenvolvimento sustentado do interior do Algarve.
Etapas de implementação
- Em 1998, desenvolveram-se diversos contactos com as federações de pedestrianismo, portuguesa e espanhola, no sentido de chegar a um acordo para tentar fazer a ligação da Via Algarviana a uma rota transeuropeia que passaria por Espanha (E4).
- Em 2001, aproveitando a realização das 2ª Jornadas de Pedestrianismo, a Almargem e os Algarve Walkers promoveram a inauguração simbólica de um troço da Via Algarviana entre Alte e São Bartolomeu de Messines.
- Em Abril de 2002, a Almargem elaborou uma candidatura ao INTERREG III-A, com vista à implementação da Via Algarviana, que viria mais tarde a ser invalidada.
- Em 2004, após o insucesso com o INTERREG III-A, iniciaram-se os trabalhos de candidatura ao PROALGARVE, Eixo 2 – Medida 1, aprovado em Abril de 2006, tendo a Almargem como promotor e 9 Municípios parceiros (Alcoutim, Castro Marim, Lagos, Loulé, Monchique, São Brás de Alportel, Silves, Tavira, Vila do Bispo). Foi esta candidatura que permitiu instalar no terreno a Grande Rota Pedestre Via Algarviana (GR13).
- Em Maio de 2009, no dia 29, foi inaugurada oficialmente a Via Algarviana, numa sessão realizada no Barranco do Velho.
- Em 2011, deu início a que se chamaria Fase II, com a aprovação da candidatura “Via Algarviana II – Ecoturismo no Interior do Algarve” ao abrigo do Programa Operacional do Algarve 21, envolvendo 11 Municípios (mais dois que na primeira fase: Aljezur e Portimão). Esta candidatura teve, como copromotores, a Associação Turismo do Algarve e a Região de Turismo do Algarve. Esta candidatura permitiu, sobretudo, instalar uma rede de infraestruturas complementares à Via Algarviana (12 Percursos Pedestres complementares, 10 Percursos Áudio Guiados, 5 Ligações e 4 Rotas Temáticas).
- Em 2018, foi aprovada a candidatura “Via Algarviana– (Des)envolvendo o Interior do Algarve”, financiada pelo Turismo de Portugal, incluída na Linha de Apoio à Valorização Turística do Interior, que se encontra em execução até 2021, e que conta com 13 Municípios parceiros (mais um que na fase anterior: Lagoa). Esta candidatura prevê, sobretudo, o desenvolvimento de materiais promocionais (folhetos, guia informativo, novo website, APP, percursos áudio guiados em inglês e francês, percurso áudio guiado para invisuais e ambliopes, vídeos promocionais, etc).
- Em 2019, financiada pelo Turismo de Portugal, ao abrigo do programa RegFin, foi aprovada a candidatura “Revitalizar Monchique – O Turismo como Catalisador” promovido pela Associação Turismo do Algarve, pela Almargem e pelo Município de Monchique, coordenado pela Região de Turismo do Algarve, e que irá decorrer até dezembro de 2021. O objetivo geral do projeto é fortalecer a atratividade turística de Monchique ao nível do turismo de natureza, cultural e criativo, reforçando a sua oferta em termos de percursos pedestres e experiências criativas, envolvendo os agentes locais e valorizando os recursos endógenos.
- Também em 2019, de setembro a novembro, foi executada a candidatura “Via Algarviana – Um Elogio à Natureza” financiada pelo Fundo Ambiental, incluída no aviso "Educarte: Educar para o Território" no âmbito do programa de Estratégia Nacional de Educação Ambiental 2020, que abrangeu os municípios parceiros de Alcoutim, Aljezur, Castro Marim, Monchique e Vila do Bispo. Foram desenvolvidas Ações de Capacitação e Workshops Temáticos, para a interpretação deste território em diversas temáticas (turismo sustentável, geodiversidade, biodiversidade, botânica e património cultural), dirigidos a diferentes públicos-alvo: empresários, decisores e técnicos de administração regional e local e população geral. Foram ainda realizadas Ações de Educação Ambiental para Escolas. Entre os materiais resultantes, contamos um guia digital de atividades de educação ambiental e um Quiz online da Via Algarviana.
Impacto na Região
Com a instalação de uma Grande Rota Pedestre entre Alcoutim e o Cabo de São Vicente, inaugurada em 2009, a região ficou dotada de uma importante infraestrutura que integra e reforça a rede de percursos pedestres transeuropeus, contribuindo para a atratividade dos amantes da prática de pedestrianismo. A sua função de estruturação e articulação com percursos pedestres existentes ou em marcação no território que atravessa, tem permitido dar ainda maior visibilidade a esta oferta.
O traçado assenta no reconhecimento, divulgação e valorização do património cultural e natural que existe ao longo da GR13 - Via Algarviana. Simultaneamente, contribui para o reforço da divulgação do território pelas populações locais e o conhecimento que têm sobre as suas atividades, a arquitetura, a fauna e flora, e potencia o seu uso, de forma sustentada, contribuindo de uma forma genuína e cuidada para a economia local.
A existência do cada vez mais vasto “Território Via Algarviana”, e o seu contributo para a atividade turística do Algarve, assenta em dois desígnios:
- um produto específico, que atrai à região um público especializado em caminhadas e à procura de conhecer a autenticidade do território, onde ainda se preservam valores culturais e naturais próprios;
- um produto complementar do Algarve na diversificação da oferta existente com outros domínios.
Enquanto Grande Rota Pedestre, a Via Algarviana, em conjunto com as suas infraestruturas complementares e todas as outras infraestruturas que se cruza, geridas por outras entidades, permite responder a ambos os desígnios.
Contribuir para a complementaridade da oferta, mas também afirmar-se como um produto específico, com um público próprio e muito exigente.