Este percurso é uma redescoberta da viagem outrora empreendida pelas pessoas que se deslocavam entre a vila de Monchique e a aldeia de Alferce, num passado não muito distante, quando ainda não existia a estrada nacional que liga hoje estas duas povoações. A caminhada inicia-se no Largo dos Chorões e interceta a Ligação 11 da GR13 - Via Algarviana. Entra no Jardim Municipal, espaço tranquilo e bastante atrativo, com uma rica vegetação da qual se destacam várias magnólias (Magnolia grandiflora), camélias (Camelia sp.), ginjeiras (Prunus cerasus) e uma imponente araucária (Araucaria heterophylla), visível praticamente de toda a vila de Monchique.
Cruza o jardim e chega a uma zona descampada onde decorre o mercado mensal de Monchique. Neste local, esta Ligação segue em frente, divergindo da Ligação 11 (que vira à direita), e assim converge com a PR7 MCQ - Percurso das Hortas por cerca de 1,70 km. Atravessa esse largo e toma um caminho rural paralelo à ribeira que rapidamente penetra numa zona florestal rica em sobreiros (Quercus suber), alguns bastante antigos e de grande dimensão, rodeados por medronheiros (Arbutus unedo) e folhados (Viburnum tinus).
O percurso em breve chega a um pequeno bairro habitacional, no extremo oriental de Monchique. Aí, no primeiro cruzamento que surge, vira à direita e desce por uma estrada rural sempre a coberto de um denso bosque de sobreiral. Neste troço depara ainda com uma das várias magnólias existentes em Monchique, árvore de implantação histórica nesta vila e que está sinalizada com uma placa informativa.
No final deste caminho, o itinerário chega a novo cruzamento junto de um conjunto de habitações. Vira à esquerda e sobe ao longo de uns 300 m, por uma estrada secundária pavimentada, até encontrar outro cruzamento. Aqui a Ligação 10 vira à direita, divergindo da PR7 MCQ (que segue em frente).
Surge agora uma paisagem de socalcos, estruturas que o homem criou ao longo dos tempos para possibilitar a atividade agrícola. O percurso desenvolve- se por entre os socalcos, num caminho ladeado de muros de sienito que guarda uma surpresa: um arco em pedra, pertencente a um antigo aqueduto, provavelmente do séc. XVII, que transportava água de uma das inúmeras nascentes naturais desta zona para as casas e terrenos agrícolas.
O caminho decorre ao longo de vários quilómetros por entre hortejos e campos agrícolas, passando por algumas habitações rurais isoladas, e entra posteriormente num denso e extenso bosque de sobreiral, até à Portela do Estieiro. Neste sítio encontra-se um lagar de azeite ainda ativo, facilmente reconhecível pelos cheiros característicos.
Segue-se uma longa descida até à Ribeira de Monchique, com vislumbres de uma ampla e aberta paisagem serrana. O coberto vegetal é dominado por eucaliptal entrecortado por sobreirais e medronhais até chegar junto à ribeira, onde encontra uma rica galeria ripícola composta por freixos (Fraxinus angustifolia), amieiros (Alnus glutinosa) e salgueiros (Salix sp.). Junto à ribeira a Ligação interceta a PR8 MCQ - Pelos Caminhos de Alferce, acompanhando-a até terminar em Alferce.
O itinerário segue agora por uma estreita vereda frequentemente utilizada pelos proprietários florestais, sempre ao longo da ribeira e dos seus densos bosques ribeirinhos. Em breve será necessário cruzar este curso de água. A travessia é segura mas, se o nível da água estiver alto, terá de descalçar os sapatos e molhar os pés.
Depois, o percurso mantem-se paralelo à ribeira, passa junto de um pequeno núcleo habitacional à sua esquerda e chega à Estrada Nacional (EN) 267. Neste cruzamento vira à direita, seguindo durante uns escassos 30 m pela EN 267, cruza-a, vira à esquerda e sobe por um caminho florestal, rodeado de sobreiros e com alguns castanheiros (Castanea sativa) à mistura, para depois se tornar mais íngreme antes de alcançar as hortas e, por fim, a povoação de Alferce, onde termina o percurso.
» PATRIMÓNIO HISTÓRICO, ARQUEOLÓGICO E RELIGIOSO
Monchique
Nota: para visitar o Núcleo de Arte Sacra precisa de fazer inscrição prévia na Junta de Freguesia de Monchique.
Alferce
» NATUREZA
A serra de Monchique está inserida na Rede Natura 2000. Do ponto de vista morfológico, apresenta três unidades principais: Picota (773 m), na parte oriental; Fóia (902 m); e Picos (574m), na parte ocidental. O setor oriental e o setor ocidental estão separados por um vale de orientação nordeste-sudoeste, onde se localiza a vila de Monchique.
Litologicamente é constituída por uma grande variedade de rochas, mas a sua maior parte é formada pelo chamado Complexo Alcalino de Monchique, com origem há 72 milhões de anos. A rocha que mais se destaca em toda a paisagem é o sienito nefelínico, de cor cinzenta. Embora muito semelhante a um granito, distingue-se essencialmente pela presença de nefelina e pela ausência de quartzo.
A aldeia de Alferce fica no limite oriental do maciço de Monchique. A norte e sul está condicionada por vales tectónicos que facilitaram fenómenos de erosão hidrológica, resultando em vales profundos e bastantes encaixados, como é testemunho o vale da Ribeira de Monchique. A forte expressão geomorfológica, os vales bem demarcados, a abundância de linhas de água e nascentes naturais, a flora e fauna características e a diversidade geológica, com rochas de relativa raridade, conferem à Serra de Monchique marcas únicas e originais.
Todas estas características geológicas proporcionam um substrato para que grandes valores naturais se desenvolvam. Neste percurso, a vegetação é caracterizada por um coberto predominantemente florestal, intercalado por espécies exóticas, como o eucalipto (Eucalyptus sp.) e a acácia (Acacia sp.). Em termos de flora, destaque para algumas das espécies que se encontram no Jardim Municipal de Monchique, como a araucária centenária e classificada (um dos exemplares inseridos na Rota das Árvores Monumentais), assim como camélias, ginjeiras e magnólias.
Os densos bosques de sobreiral (Quercus suber), onde se misturam pequenos povoamentos e exemplares de castanheiros e pontualmente de carvalho-português (Quercus faginea) merecem destaque especial, a par das galerias ripícolas com salgueiros (Salix alba), freixos (Fraxinus angustifolia) e amieiros (Alnus glutinosa).
Já a vegetação arbustiva é composta, maioritariamente, por medronheiro, urze, tojo, rosmaninho, giesta e folhado e ainda estevais (Cistus ladanifer, Cistus populifolius, Cistus salvifolius). Salienta-se ainda a ocorrência de endemismos de Portugal Continental, como é o caso da Centaurea crocata, Adenocarpus anisochilus, Centaurea vicentina e da Euphorbia paniculata ssp. Monchiquensis.
A Serra de Monchique é também uma Zona de Proteção Especial para Aves. Destacam-se duas aves de rapina importantes: a águia-perdigueira (Aquila fasciata) e a águia-cobreira (Circaetus gallicus). Porém, os passeriformes têm a presença mais notória nesta região e neste percurso, pela abundância e diversidade de espécies. Ao longo deste itinerário é possível encontrar dezenas de espécies, algumas migratórias e nidificantes, como o rabirruivo-de-testa-branca (Phoenicurus phoenicurus), o papa-figos (Oriolus oriolus), a felosa-ibérica (Phylloscopus ibericus) e o rouxinol (Luscinia megarhynchos). Nos residentes, destaque para os vários pica-paus, como o pica-pau-grande-malhado (Dendrocopos major) ou o peto-real (Picus sharpei), a carriça (Troglodytes troglodytes), a trepadeira-azul (Sitta europaea) ou o gaio (Garrulus glandarius).
Nas extensas galerias ripícolas (e nos cursos de água onde estão instaladas), destaque para a ocorrência de aves como a escrevedeira-de-garganta-preta (Emberiza cirlus), a alvéola-cinzenta (Motacilla cinerea) e o guarda-rios (Alcedo atthis). Muitas outras aves estão presentes: espécies cinegéticas, como a perdiz-vermelha (Alectoris rufa) ou o pombo-torcaz (Columba palumbus); e ainda aves de rapina como a águia-de-asa-redonda (Buteo buteo) e o peneireiro-comum (Falco tinnunculus). Na primavera e no verão, não raras vezes é possível ver a águia-cobreira (Circaetus gallicus) em voos com a sua presa favorita no bico: cobras.
» LOCAIS DE DESCANSO E APOIO AO LONGO DO PERCURSO
No hay cafés u otros espacios comerciales a lo largo del recorrido, únicamente al inicio y al final, por lo que es recomendable planificar bien el recorrido, llevando suficiente comida y agua, teniendo en cuenta la distancia, las condiciones atmosféricas y el nivel de dificultad.
» MULTIBANCO
LINHAS DE AUTOCARRO
Mais informação: Vamus Algarve