A caminhada começa junto à Igreja Matriz de São Romão, no centro de Alferce, juntamente com a Ligação 10 da GR13 – Via Algarviana, no sentido inverso ao recomendado, durante cerca de 3,50 km. O percurso dirige-se para Norte, atravessando diversos campos agrícolas e um belo bosque de sobreiral, por uma longa descida até atingir a Estrada Nacional (EN) 267.
Vira à direita e segue pela estrada 50m, para depois infletir à esquerda para um vale ribeirinho onde se encontra um pequeno aglomerado de casas, à direita, que rapidamente fica para trás. O percurso segue agora ao longo da margem norte da Ribeira de Monchique por um belo caminho florestal, fácil e ligeiramente a descer. Contudo, em breve será necessário cruzar este curso de água. Se o nível de água estiver elevado, terá de molhar os pés.
O percurso segue agora por uma estreita vereda, frequentemente utilizada pelos proprietários florestais, sempre ao longo da ribeira e dos seus densos bosques ribeirinhos. Junto deste curso de água abundam os freixos (Franxinus angustifoliaı), salgueiros (Salix alba) e amieiros (Alnus glutinosa). Aqui os dois itinerários divergem; a Ligação 10 segue em frente e a PR8 MCQ vira à esquerda.
Inicia-se agora uma longa subida, em ziguezague, até aos campos agrícolas adjacentes à povoação de Umbria. Chega-se novamente a um local de tradição agrícola, com pequenas hortas a salpicar a paisagem serrana. O itinerário percorre as ruas estreitas da povoação e inicia novamente uma subida até à EN 267, onde vira à direita e, após 50 m, à esquerda.
A subida faz-se agora utilizando uma antiga via medieval, ainda com partes do piso calcetado, que os mais antigos afirmam ter sido, outrora, o caminho principal entre Monchique e Alferce. É um caminho muito belo, que atravessa densos bosques de quercíneas, onde abundam os sobreiros (Quercus suber), medronheiros (Arbutus unedo), urzes (Erica sp.), estevas (Cistus sp.), folhados (Viburnum tinus), matos rasteiros de carvalhiça (Quercus lusitanica), fetos, entre muitas outras plantas. Abundam, igualmente, as aves, com forte presença de trepadeiras, chapins, pica-paus e felosas.
Do Monte da Serra segue até Alto de Baixo, com os seus campos agrícolas tradicionais, por um antigo caminho ladeado de muros de rocha sienítica – exclusiva, em Portugal, da Serra de Monchique. Neste belo trilho, é possível encontrar diversas lajes sieníticas, que mostram a geologia especial desta região.
À entrada de Alto de Baixo o percurso vira à esquerda e interceta, até Alferce, a PR9 MCQ – “Entre o Vale e o Castelo” e a Ligação 11 da GR13 - Via Algarviana, no sentido inverso ao recomendado. Daí desce e, no cruzamento, vira à esquerda, até à EM 1073, onde vira à direita até chegar a Alferce. Os três percursos terminam nesta aldeia, junto à Igreja Matriz de São Romão.
GEOLOGIA
Ao longo do percurso, é possível observar os aspetos geológicos associados ao maciço de Monchique, nomeadamente o sienito nefelínico, fenómenos de erosão hidrológica, nascentes de água e exemplos de uso e aplicação das rochas locais.
FLORA
A aldeia está rodeada por densos bosques de sobreiral. Podem também encontrar-se carvalho-português (Quercus faginea), matos rasteiros de carvalhiça (Quercus lusitanica) misturados com castanheiros (Castanea sativa), medronheiros (Arbutus unedo), urzes (Erica sp.) e folhados (Viburnum tinus). Em direção a Alferce, na EN 267, há um magnífico exemplar de carvalho-de-Monchique (Quercus canariensis), espécie considerada rara em Portugal, que integra a "Rota das Árvores Monumentais de Monchique". Tem cerca de 150 anos e 25 m de altura (última medição em 2006). Nos vales adjacentes, a vegetação ribeirinha tem especial esplendor, com densos bosques de amieiros (Alnus glutinosa) e freixos (Fraxinus angustifólia), entrecortados por choupos (Populus sp.) e arbustos como loendros (Nerium oleander) , silvas (Rubus ulmifolius) ou sanguinho-das- sebes (Rammhus alaternus).
AVES
A rica vegetação, a abundância de água e a situação geográfica contribuem para que este local seja muito rico em avifauna. Nas aves de rapina, ocorre a rara e discreta águia-perdigueira (Aquila fasciata), a águia-de-asa-redonda (Buteo buteo) e, na primavera, a águia-cobreira (Circaetus gallicus). Entre os migradores estivais, várias felosas, como a felosa-ibérica (Phylloscopus ibericus) ou a felosa-poliglota (Hippolais polyglotta) e o rouxinol-comum (Luscinia megarhynchos), o papa-figos (Oriolus oriolus) ou o rabirruivo-de- testa-branca (Phoenicurus phoenicurus). Nas espécies residentes, nota para as aves florestais, tais como o pisco-de-peito-ruivo (Erithacus rubecula), a trepadeira-azul (Sitta europaea), o chapim-de-crista (Laphophales cristatus), o gaio (Garrulus glandarius) ou o gavião (Accipiter nisus). Nas orlas dos bosques, campos agrícolas e zonas de matagais, a toutinegra-de-cabeça- preta (Sylvia melanocephala), o melro-azul (Monticola solitarius), a cia (Emberiza cia) e a escrevedeira-de-garganta-preta (Emberiza cirlus).